Malditos poetas, mau caminho na terra e no mundo que gosta de alcatrão, novo, laboratorial, sem base fóssil. O mundo tem mundos e portas dentro da porta do mundo, e as raparigas perguntam as respostas sem espelhos ou espelhos das portas no mundo da porta que a rapariga abre, antes da porta, no mundo do espelho apagado na porta de outro espelho... que poeta pode ser o que uma rapariga precisa do mundo? A porta - nada mais - sem espelho, luz ou sombra caída, quando a rapariga não vê a poesia e pergunta ao poema onde está o poeta;
em que bolso escondes a chave?
malditos poemas com poetas dentro, horas deixadas no espelho embaciado, sem estrela ou significante aparentemente plausível, ruminados e mesmo assim mundo para porta com portas e mundos dentro.
Raul Albuquerque
a rapariga bateu à porta do poeta e ele ofereceu-lhe um livro com cerejas dentro. e agora não conseguem parar de conversar. malditos caroços, que já nem atrapalham a poesia, porque ele retira-os, como se retiram as vírgulas em excesso de um texto cheio de soluços.
a rapariga e o poeta riem e choram com o mar à frente sem pontuação
rapariga anónima