Esta sarça é interdita a matilhas;
há que mudar a pele para comer
o fogo. Não que eu faça render
qualquer talento, ou tenha em vasilhas
semi-intactas ilustres maravilhas:
uma lista de coisas a fazer,
solidão, pedra de isqueiro, um revólver,
e um aparelho já com pouca pilha
e que só uso eu; a nós vontade
basta - e alguma luz: pede-se intensa,
mas sem que obste o brilho à entrega cega,
aceitas? compreendes? aguentas?
no nervo negro desta densidade
penetra só sentindo que sustentas
e me conténs quando eu me desintegro.
Margarida Vale do Gato,
Relâmpago magazine, 2010
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